A introdução da história começa totalmente em libras, enquanto a contadora de histórias responsável pela narração em português inicia a apresentação sentada junto ao público, como se fosse uma espectadora. É nesse momento que os ouvintes se colocam na mesma posição dos surdos.
Depois desta breve introdução, com cerca de dois minutinhos, a narradora que estava na plateia faz a ponte para o português entrando em cena para começar de fato a apresentação. As contadoras explicam que a história será executada em libras, português e a maior parte simultaneamente nas duas línguas, o que proporciona ao público a oportunidade de experimentar sensações não convencionais em contações de histórias. Alguns sinais em libras também são ensinados pelas contadoras ao longo da apresentação, demonstrando-os e executando-os junto com o público.
Ao longo do projeto “Escuta como Escuto!”, observamos que as apresentações geralmente provocam uma inversão, uma troca de olhares dos espectadores: os surdos não olham apenas para a contadora que narra em libras, pois conseguem entender boa parte da história em português apenas com a visualização corporal, assim como os ouvintes ficam encantados pelos sinais em Libras. O entendimento passa a ser amalgamado através da riqueza das partes (Libras e português) nesse momento em que todos somos um só grupo que, se comunica da mesma forma. E a devolutiva do público é muito positiva referente a fruição de novas experiências sensoriais.
A parceria do projeto “Escuta como Escuto!”, realizada entre os grupos “Mãos de Fada” e “Narrar – Histórias Teatralizadas”, surgiu com as contadoras de histórias Thalita Passose Patrícia Torres no decorrer do curso de especialização “A Arte de Contar Histórias”, lecionado na Casa Tombada (faculdade FACON, São Paulo).
A ideia surgiu após uma conversa sobre o desejo de vivenciarmos a realidade do outro, vestindo a pele de outras pessoas que não possuem os mesmos sentidos – experienciando e aflorando novos olhares, sensações e trocas, relação que se estabelece entre ouvintes e surdos (deficientes auditivos).
Livro 'Contos Tradicionais do Brasil' - Câmara Cascudo
Pedro, José e João - Chegando na idade de desbravar o mundo, cada um dos três irmãos deixa a casa de seu pai viúvo e rico. Mas, antes da partida, precisam fazer uma escolha diante da pergunta do pai: “Quer minha bênção com pouco dinheiro ou minha maldição com muito dinheiro” ? A partir de suas escolhas, tem início as aventuras de cada filho.
Aventuras de Pedro Malazarte - Malasarte, personagem do imaginário popular, é o caipira bondoso que detesta a exploração dos fracos, e usa de toda a sua astúcia para vencer os ricos e avarentos.
Livro 'Os Contos de Grimm' - Irmãos Grimm
As Três Fiandeiras - Narra a história de uma menina que não suportava a ideia de sentar-se numa roca de fiar. Mas, um dia, é levada pela rainha ao seu palácio e recebe uma proposta para fiar uma quantidade enorme de linho. Então, com a ajuda de três velhas muito estranhas, ela muda seu destino.
O Lobo e os Sete Cabrinhos - Conta a aventura de sete cabritinhos que, na ausência de sua mãe, deparam-se com a esperteza de um lobo faminto que tenta devorá-los.
Livro 'Meus Contos Africanos' - Nelson Mandela
Ananse - Esta é uma lenda africana que fala sobre um mundo antigo, no qual ainda não existiam as histórias e, por isso, viver ali era muito triste.
A Gata que entrou em Casa Esta tradicional história do povo do Zimbábue, recolhida por Nelson Mandela conta a história de uma gata que queria se casar com o ser mais admirável da floresta.
Livro 'Histórias dos Maori, um povo da Oceania' - Claire Merleau/Cécile Mozziconacci
Maori e o Tubarão - Lenda da Nova Zelândia
As Crianças Golfinho - Conto Australiano
Histórias que retratam a importância e a beleza do mar na cultura dos povos que vivem em ilhas banhadas pelas águas... e que escondem imensos segredos.
Livro 'Cinco Histórias de cinco continentes' - Tradução: Heloisa Jahn
O Aparecimento da Noite - Índios Brasileiros
Lebre Pequena e o Forasteiro - Nativos da América do Norte
Mitos indígenas brasileiros, bem como mitos norte-americanos, revelando fenômenos da natureza e sua magia e poesia.
O Grupo nasceu do trabalho de interpretação Português-Libras de histórias no principal Festival de contação de histórias de São Paulo. Hoje é composto por contadoras de histórias que também são tradutoras e intérpretes de Libras e português.
A partir do reencontro com o mundo fantástico dos contos de fadas, percebeu-se a importância de contribuir para o resgate dessa tradição e a divulgação da Libras através dessa arte.
O repertório do grupo é bem diversificado. Vai de contos de encantamento, como contos dos irmãos Grimm, de Andersen, histórias com tema sobre inclusão, contos brasileiros, como Câmara Cascudo e Ricardo Azevedo e muito mais!
Contadora de histórias no Grupo Mãos de Fada, especialista em tradução e interpretação de Libras e Português, atuando principalmente na esfera de conferências, artística e cultural, psicóloga, com ênfase em psicanálise e surdez; atualmente cursando especialização na “A arte de contar histórias”.
Por onde andamos |
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2018 Biblioteca Vila Lobos Biblioteca de São Paulo SESC 24 de maio SESC Interlagos SESI Santos SESI Osasco |
2017 SESC Piracicaba SESC Santo André SESC Jundiaí SESC Santo Amaro Museu Afro Biblioteca Vila Lobos Biblioteca de São Paulo CEU Butantã CEU Campo Limpo CEU Meninos *Passamos no edital do PROAC Literatura |
2016 Biblioteca Raul Bopp - XII Festival A Arte de Contar Histórias Biblioteca Hans Christian Andersen - XII Festival A Arte de Contar Histórias I Encontro valorizando a cultura surda - CEMEFEJA Prof Sergio Rodrigues em Campinas/SPM |